Porém, não poucas vezes, sou invadido por um turbilhão de sentimentos e desejos, ressentimentos e caprichos, que me cegam tanto para as pequenas quanto para as grandes coisas que me proponho a fazer. Saio da rota, saio de órbita, e me vejo preso com correntes que eu mesmo já arrebentei. E não vou dizer que alguns motivos não sejam justos, mas, com certeza não são suficientes, e por isso, não são sustentáveis.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
“Ic kann nicht anders"
terça-feira, 26 de julho de 2011
Desejo
Nós somos devorados continuamente pelo desejo.
Naturalmente é necessário refletir um pouco para se dar conta, e isso não se aprende rapidamente.
É uma espécie de areia de praia.
Você caminha sobre ela, vai e volta sem a perceber. Você a respira, a come, a bebe, e ela é tão fina, tão tênue, que na boca nem chega a rachar sob os dentes.
Mas se você para um segundo, eis que ela cobre seus pés, suas mãos, seu rosto...
Você deve se agitar sem parar, para limpar essa chuva de areia.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Lembrança...
Ainda me lembro do dia em que o vi sentado com um boné na cabeça baixa que repousava sobre a mesa, em posição de contrição, enquanto eu caminhava rumo à secretaria para efetuar a matrícula. Era o começo do curso e, na verdade, nem fui tão seu amigo assim, mas ele tinha uma ousadia que irradiava e convicção de fazer inveja. Não poucas vezes nos divertíamos com conversas inusitadas que fantasiavam um pouco da liberdade que não existe na vida privada. Mas, não foi à toa que me lembrei dele. Um amigo em comum me trouxe a notícia de mais uma “baixa”. Não da pessoa em si, mas de uma relação que parecia inabalável. Pai de dois filhos, os quais ainda não tive a felicidade de conhecer, hoje se enxerga em uma relação insustentável não rompida somente pelos laços que não os unem mais, os filhos. E, confesso que me assustei. Não por ser tão nobre, mas por puro egoísmo mesmo. Porque, enquanto para ele sobrava um sentimento de tristeza, o susto me via no espelho. É para dentro de mim que olhava, e para a minha relação que a consciência apontava. Cercado pela fragilidade de relacionamentos, onde para um amigo, a separação de 20 anos de relação, ditos atribulados, o faz bem (e isso me assusta), e para outro que se diz não preparado para viver uma vida em que é preciso dividir mais um pouco (porém isso parece soar mais como um trauma e não com o fato da preparação em si), fiquei pensando em o que me garante que isso não aconteça comigo, e me fiz valer do pensamento de que viver em um relacionamento é viver perigosamente. É sempre um risco.
Primeiro, porque pouco nos conhecemos a nós mesmos. Todos crescemos construindo uma identidade falsa a respeito daquilo que somos. Existe uma loucura coletiva de identidades de “mentirinha” e de infelicidades crônicas, a começar pela pressão dos sonhos que os pais têm dos filhos, sem contar que é a mídia que te faz acreditar no que é bom e necessário, e também a sociedade, que parece seguir um “espírito de época” que nos diz a respeito do que é bom ou mau para a nossa vida. Acho que daí é que adquirimos máscaras. Nos tornamos, talvez, algo que deveríamos ser, mas tampouco aquilo que de fato somos. Mas, também ninguém se atreve a tirar as máscaras. Na verdade, é muito mais fácil arranjar outras. Daí se justifica a necessidade das lipos, plásticas, silicones e gente de plástico exibindo corpo de mentira como se fosse a mais bela verdade. Um filósofo já disse “conhece-te a ti mesmo”. Acho que foi mais ou menos isso que Deus perguntou para Adão quando disse: “Onde estás?”. Ali Deus não parecia procurar onde o ingênuo Adão se escondera, mas sim onde ele existia em seu próprio ser. Mais ou menos como “Onde está o seu eu?” “Quem é você atrás da mascara?” Muito mais que uma questão ontológica, uma questão existencial. Talvez um passo para uma relação transparente seja encontrar seu próprio eu. Pode ser que descobrindo o seu próprio ser (além de se decepcionar um pouco, ou muito) você consiga enxergar àquilo que o outro é, e não somente a projeção da máscara que ele usa ou que você gostaria que ele usasse.
Segundo, porque não há garantias. Não é de hoje que se ouve dizer que não há garantias para o amor. Mas, pior do que querer garantias é requerer desse amor o seu “tal” direito de ser feliz. Torna-se insustentável uma relação que tenha o dever de funcionar corretamente para satisfazer-me e deixar-me realizado como quesito básico para que ela continue a existir. Insustentável porque não é preciso ser suficientemente inteligente para perceber que nesse mundo nada funciona de maneira adequada o tempo todo. Uma hora essa coisa, seja ela o que for, dá defeito. É só parar para pensar em você mesmo, quantos turbilhões de pensamentos te atingem num só dia que te fazem mudar de opinião e vontade a cada momento? Mas, a tal relação tem que funcionar corretamente, para que ela não corra o risco de ser trocada por algo mais novo, mais feliz e ousado, e que pareça funcionar pra sempre bem. Mera utopia do que é se relacionar... Quando se vive a dois o egoísmo não cabe porque favorece sempre um. Pessoas que não sabem perder, ceder, abrir mão, não estão maduras para receber os benefícios de um relacionamento. Não existe uma ética retributiva no amor. Não há dívidas que podem ser pagas, nem garantia para a devolução do que se entrega. Existe mutualidade, reciprocidade, cuidado, dor, revolta, erro, perdão, alegria, tudo em pequenas doses, ou bem misturado multiplicado por 70x7 pronto pra beber numa golada só... Não há garantias e também há de se descartar previsões...
Terceiro, porque não sabemos dizer não. Acho que precisamos aprender a dizer não. Não à tudo aquilo que você não seja capaz de sustentar (em todos os sentidos da palavra), seja o próprio relacionamento, ou simplesmente àquilo que o ameace. “Não” para um relacionamento que está acontecendo e você não está preparado. Ou, “não” para a presença de alguém mais, quando já se está dentro de um. Talvez o grande salvador de um relacionamento seja, além do perdão (por diversas vezes), um simples não na hora “errada”.
Enfim, me preocupo comigo talvez porque tento me conhecer, e ao olhar para relacionamentos seja daquele cara de boné do primeiro ano, ou de amigos (que sem querer analiso), e até mesmo o meu, enxergo sombras quando se passa o deserto, e sei que é ali que corro o risco de ser banal, como já o fui. É por isso que preciso me lembrar sempre, para que essas lembranças, que por vezes tratadas como insignificantes, tragam à memória a sensibilidade especial trazida por meu relacionamento, que além da certeza da amizade me confirma que existe sim, amor legítimo, não aquele que me traz uma satisfação louca de momento e que acompanha uma falsa promessa de uma utópica felicidade (só pelo fato de que essa não se sustenta em si mesmo), mas àquele cujo alguns já falaram e que ecoou novamente hoje em meu coração dizendo que ele “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta (…)”
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Busca
terça-feira, 2 de junho de 2009
Que o senhor torne sensível nosso duro coração
Que o senhor gere em nós revolta contra a injustiça
Que o senhor nos liberte do conformismo
Que o senhor nos dê coragem para passar o vale
Que o senhor nos dê amor para nos darmos ao necessitado
Que o senhor nos dê empatia para sentirmos a dor
de um mundo que sofre por não estar ao seu lado
Que o senhor faça de nós homens melhores, homens maiores, e que assim o seu novo tempo brote dentro de nós, resplandecendo o reino, que é dele por direito, afim de que reines de fato sobre ele, através de nós.
“Tempos melhores estão por virem, obras maiores se farão neste lugar.”
terça-feira, 24 de março de 2009
Dia 23...
Quantos momentos você viveu? Momentos que uniram intensidade, importância, revelação, consciência, alegria... Momentos que trouxeram emoções que marcaram em uma significativa circunstância uma data na sua história?
Há quem diga que a vida é feita de momentos. E, que desses momentos são feitos os dias. E dentre esses dias estão os que valem a pena serem preservados na memória, guardados, e outros que são descartados, e são lançados em algum lugar no tempo no meio de algum caminho.
Teorias a parte, prefiro pensar que a vida é feita de história. De uma história. Na verdade, da história de uma estrada. Uma estrada que possui vários caminhos. E é um desses caminhos que me remete à este dia. Caminho esse, que já percorri aqui mesmo nesse blog (afeição e paladar), onde no ocorrido, estava perdido por não me encontrar nele. Mas dia 23, é o dia que eu guardei. Guardei porque foi o dia em que retomei novamente a estrada a partir desse caminho. Guardei porque nesse dia esse caminho fez mais sentido do que outros dias no meio dessa estrada. Guardei porque nesse dia reencontrei o que havia perdido. Reencontrei o amor, o meu amor. Amor que já tinha caminhado por essa estrada, e que voltara no dia 23. Embora eu já o conhecesse, não parecia mais o mesmo. Ele voltou diferente. Mais forte e evidente, mais tranqüilo e mais sincero. Antes baseado em anseios temporários, sofrendo conflitos e perplexidade, voltou muito mais determinado. Determinação essa que nos levou no dia 23 de novo a uma estrada. À história da nossa estrada. E nessa nova/antiga história os passos dados são interligados, movidos por compromisso, respeito, mutualidade, amizade, reciprocidade, renúncia e amor. Tão bom e tão lindo que o reencontro de dois, se tornou em um, um amor, e é como se “esse” tivesse vida própria nos tornando presos um ao outro pela nossa própria liberdade. Esse é só começo da estrada de nossa história que se prolongará com muitos mais passos que descobriremos juntos como cada um deve ser dado no percorrer desse caminho.
A vida de fato é feita de história. Mas também dessa história se pode guardar um dia ou outro. E, eu guardei o meu. Guardei o meu dia junto com a decisão de percorrer esse caminho na estrada de nossas vidas, sempre ao lado desse amor. Pois já não importa o que nos espera nessa estrada, pois ela será percorrida sempre lado a lado - que é: sempre ao seu lado.
Fê, eu te amo!