quinta-feira, 5 de maio de 2011

Busca



Todo jovem procura por algo “louco” em que possa apoiar as suas esperanças. Algo que os tire da rotina, algo que os leve a ser mais do que meramente a forma da sociedade os sujeita a ser. É como se essa parte “louca” faltasse dentro desse cara, e ele então saí à procura daquilo que pode ser a salvação de uma vida entediante, igual, monótona.

Então uma nova viagem começa, não somente pela perseguição dessa tal loucura, mas também com o que achamos no meio da estrada e usamos para suprir essa tal falta. Porque o que colocamos no lugar desta nossa grande falta começa a se tornar a nossa grande esperança.

O grande grilo é que olhamos para trás, vemos alguns dos que foram jovens que também perseguiram essa loucura, que revolucionaram e se motivaram a lutar por aquilo que achavam que valia a pena, mas acabaram cantando de uma grande dor que foi a de perceber que eles ainda eram os mesmos e acabaram vivendo como seus próprios pais. Ou seja, nada mudou. Talvez até tenha mudado, mas não melhorou, não resolveu!

Entender a história do jovem do passado e olhar o longo desenvolvimento histórico da sociedade, e perceber que ela correu, e correu para chegar em algum lugar mas que esse lugar não existe, foi uma grande decepção. Então surge a dor de perceber que você corre pra não chegar em lugar nenhum, de que sua vida acaba tomando o mesmo sentido e rumo da vida que seus pais levaram e que embora se corra, tudo vai terminar de volta ao lugar do início. Sem nada novo. Sem uma loucura, sem uma esperança, dentro de uma forma.



Essa história poderia até terminar aqui, mas não.




Porém, insano seria dizer que, depois de tantos anos de história e de busca, que essa grande loucura que nos dá esperança, que quebra as “maneiras” de se fazer as coisas, e parece ser sinônimo de liberdade sempre esteve gritando e procurando por nós também.




Magina... isso é loucura!!!




Quando a busca se faz inútil e a esperança se desfaz diante dos nossos olhos, ele rola a pedra daquilo que entendíamos por coração, e nos faz sangrar, sentir e pulsar novamente, abre nossos olhos e nos faz viver esperançosamente debaixo de uma grande loucura.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Que o senhor nos dê lágrimas em meio à indiferença
Que o senhor torne sensível nosso duro coração
Que o senhor gere em nós revolta contra a injustiça

Que o senhor nos liberte do conformismo
Que o senhor nos dê coragem para passar o vale
Que o senhor nos dê amor para nos darmos ao necessitado

Que o senhor nos dê empatia para sentirmos a dor
de um mundo que sofre por não estar ao seu lado

Que o senhor faça de nós homens melhores, homens maiores, e que assim o seu novo tempo brote dentro de nós, resplandecendo o reino, que é dele por direito, afim de que reines de fato sobre ele, através de nós.

“Tempos melhores estão por virem, obras maiores se farão neste lugar.”

terça-feira, 24 de março de 2009

Dia 23...

Quantos dias você já guardou?
Quantos momentos você viveu? Momentos que uniram intensidade, importância, revelação, consciência, alegria... Momentos que trouxeram emoções que marcaram em uma significativa circunstância uma data na sua história?
Há quem diga que a vida é feita de momentos. E, que desses momentos são feitos os dias. E dentre esses dias estão os que valem a pena serem preservados na memória, guardados, e outros que são descartados, e são lançados em algum lugar no tempo no meio de algum caminho.
Teorias a parte, prefiro pensar que a vida é feita de história. De uma história. Na verdade, da história de uma estrada. Uma estrada que possui vários caminhos. E é um desses caminhos que me remete à este dia. Caminho esse, que já percorri aqui mesmo nesse blog (afeição e paladar), onde no ocorrido, estava perdido por não me encontrar nele. Mas dia 23, é o dia que eu guardei. Guardei porque foi o dia em que retomei novamente a estrada a partir desse caminho. Guardei porque nesse dia esse caminho fez mais sentido do que outros dias no meio dessa estrada. Guardei porque nesse dia reencontrei o que havia perdido. Reencontrei o amor, o meu amor. Amor que já tinha caminhado por essa estrada, e que voltara no dia 23. Embora eu já o conhecesse, não parecia mais o mesmo. Ele voltou diferente. Mais forte e evidente, mais tranqüilo e mais sincero. Antes baseado em anseios temporários, sofrendo conflitos e perplexidade, voltou muito mais determinado. Determinação essa que nos levou no dia 23 de novo a uma estrada. À história da nossa estrada. E nessa nova/antiga história os passos dados são interligados, movidos por compromisso, respeito, mutualidade, amizade, reciprocidade, renúncia e amor. Tão bom e tão lindo que o reencontro de dois, se tornou em um, um amor, e é como se “esse” tivesse vida própria nos tornando presos um ao outro pela nossa própria liberdade. Esse é só começo da estrada de nossa história que se prolongará com muitos mais passos que descobriremos juntos como cada um deve ser dado no percorrer desse caminho.
A vida de fato é feita de história. Mas também dessa história se pode guardar um dia ou outro. E, eu guardei o meu. Guardei o meu dia junto com a decisão de percorrer esse caminho na estrada de nossas vidas, sempre ao lado desse amor. Pois já não importa o que nos espera nessa estrada, pois ela será percorrida sempre lado a lado - que é: sempre ao seu lado.
Fê, eu te amo!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Que sua luz brilhe sobre o que é feio em mim,
e que se torne belo, para sua glória.

Que sua luz brilhe, agora, sobre o que é belo em mim,
e que seja visto, para sua glória. Amém.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Desejo/Vontade/Imagem


Quero mais do que um simples viver, mais do que uma mera rotina. Buscar na matriz divina a singularidade de uma dimensão extinta.

Quero que minha vida se expresse numa imagem que já foi revelada, e que assim encontre a felicidade e por ela sonhe, lute e pereça.

Quero ser cidadão de um reino extraordinário, onde se respeita a individualidade dos sonhos, mas apresenta uma estrada onde se faz coletiva a caminhada.

Quero captar o mistério do inefável, mesmo sem entendê-lo por completo, e caminhar sempre de perto, ao lado do inexplicável.

Quero ser sensível ao invisível dos olhos, atento ao coração quebrantado, amável ao que caiu desgraçado, sincero ao que me vê prostrado.

Quero um simples viver que se expresse numa imagem, uma imagem de um reino extraordinário, inefável, invisível aos olhos e acessível ao desesperançado.

Mas minhas vontades/desejos revelam a minha auto-imagem. Em cada detalhe da vida se faz evidente. Se perde, se acha e se encontra num agir tão pouco ciente.

Eu quero...

Quero tentar todo dia, mesmo se não acertar, a cada instante da vida, a Imago Dei, em mim, carregar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Flerte


Uma troca de olhares, a convivência, a proximidade
Aquela coisa de se dar, mas não se dar por inteiro
De se dar e manter o controle
“Aprecie com moderação...”

É só uma curtição.
Uma gaveta.
Ela abre e fecha na hora em que bem entende

Em momento algum passa pela cabeça pular dentro da gaveta
Ninguém é bobo
Todos sabem que aquilo é só uma gaveta
Uma curtição momentânea
Ninguém quer trocar a sua vida, sua história
Por uma gaveta, por um momento

Então você flerta...

Porque o flerte é só um parêntese
Tudo está sob controle

E pensa que controla mesmo...

Mas depois é controlado.
É controlado, mas acha que está controlando

Do nada, abre a gaveta sem querer abrir
E não tem capacidade de fechar na hora em que quer fechar

É o flerte...

Diante das pressões que nós vivemos, das possibilidades, das sombras dos nossos corações, dos nossos apetites, das nossas questões mal-resolvidas, a gente abre uma gaveta pra onde fugimos de vez em quando. E flertamos. Com pessoas, coisas, situações e oportunidades. Até o dia que não dá mais pra brecar. E quando não dá mais pra brecar, começamos a tentar explicar... Explicar o inexplicável...

Temos que manter nossos olhos sempre voltados para cima, olhando diretamente nos olhos daquele que nos ama, buscando a orientação divina daquele que prometeu estar sempre conosco.

Acredito que esse também possa ser um caminho para o coração que se perdeu em meio a um flerte, olhar para cima e seguir o caminho que traz de volta o coração para que ele seja restaurado e cativado novamente pelo amor do Pai.

Acho que é tempo de voltar...

Voltar os olhos a Deus.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Dor (en)contra a Vida

Bom, em razão do 5º comentário do último texto eis mais um... (não sei se quem escreve texto é porque tem pretexto, mas foi mais ou menos o que aconteceu aqui... rs)

Li um trecho pequeno de um livro hinduísta que ensinava a lidar com o sofrimento e a dor sem negá-los ou ignorá-los, mas elevando-se acima deles. Sua religião prega que se deve dizer às mais dolorosas experiências: “não vou deixar que você me machuque. Vou experimentar o que de pior possa acontecer e vou triunfar. Vou aprender a arte do desligamento e superar a dor”. Todos já vimos imagens de hinduístas andando sobre braseiros ou deitando em camas de prego. O que eles fazem com seus corpos é o que tentam fazer com suas almas: ensinar-lhes a não sentir dor.

Um amigo já me disse certa vez que a maneira de atravessar uma vida de tragédias e incertezas é aceitá-la e ceder a ela, em vez de lutar contra ela, da mesma forma pelo qual um lutador usa a força e o peso de seu adversário, contra ele, em lugar de tentar superá-lo. Também me disse que a forma para atravessar a vida sem sentir dor constante é diminuir as expectativas. Não esperando que a vida seja justa, não sofrerá o coração diante da injustiça.

Correto?

Há controvérsias...

Ouvi e li com respeito às opiniões declaradas acima. Mas fundamentalmente tive que discordar.

Primeiro
Creio que quando diminuímos nossas expectativas da vida para evitar a dor da desilusão, abandonamos uma parte da imagem de Deus em nós. Aceitar a injustiça porque ela sempre fez parte da sociedade é desistir facilmente. Certo, isso nos pouparia muita angústia e frustração – mas a que custo? Acho que é como o pai superprotetor que não deixa o filho andar de bicicleta porque pode cair e se machucar. Usar tal armadura nos protege de ferimentos, mas também impede que cresçamos.

Segundo
Se acreditamos que a vida é boa quando evitamos a dor, corremos o risco de não aprender tão bem a não sentir dor e, com isto, não sentir nada. – nem alegria, nem amor, nem esperança, nem espanto. Ficamos emocionalmente anestesiados. Aprendemos a viver toda a nossa vida dentro de estreitos limites emocionais, aceitando o fato de que teremos poucos instantes de alegria em troca da garantia de que também não teremos momentos ruins, de dor ou tristeza – apenas o eterno sentimento da monotonia, de um dia cinzento, que só é percebido depois de um longo tempo. Por causa do nosso medo da dor, dominamos com tal perfeição a arte do afastamento que mais nada consegue atingir nossas emoções. Nos afastamos dos amigos, das pessoas dos relacionamentos. Procuramos uma viagem, um cinema, uma saída que nos tire da rotina. Ou começamos a procurar adrenalina: dirigir depressa, voar de asa delta, praticar algum esporte radical, dizendo que “somente assim nos sentimos vivos”.
Colocamos a culpa naquilo que já vivemos ou nas pessoas com quem convivemos, e que a cura para isso é mudar de emprego, de parceiro, de bairro ou de vida, para que tudo se torne mais interessante. Às vezes a mudança pode até ser necessária mas, quase sempre, o problema está em nós mesmos. Por causa do nosso medo do sofrimento ou da desilusão, escolhemos uma outra vida, onde pensamos que não passaremos mais por isso. Construímos para nós mesmos um piso emocional, abaixo do qual não poderemos afundar, para termos a certeza de que nada nos poderá ferir ou deprimir, e um teto emocional, acima do qual não nos poderemos elevar, porque o risco de queda será grande demais. E nos perguntamos as vezes por que nos sentimos tão anestesiados.

Pra terminar, como citei no último texto, que acreditar em contos de fadas seria mais fácil, citarei um...
“A história do rapaz que queria aprender a ter medo”
É a história de um jovem, faça o que fizer, nunca sente medo. Ele se sente incompleto, sem a dimensão emocional do medo. Resolve então partir e se depara com aventuras arrepiantes, fantasmas e bruxas e dragões que cospem fogo, mas nunca consegue sentir um simples arrepio de medo. Em sua última aventura, consegue libertar um castelo de um encanto perverso e, como prova de gratidão, o rei lhe dá a mão de sua filha. O herói diz a princesa que, embora goste dela não tem certeza de que possa casar até que complete sua missão e aprenda a sentir medo. Na noite de núpcias (pelo menos essa é a versão contada para as crianças), a noiva arranca as cobertas de seu leito e atira nele um balde de água fria cheia de peixinhos. Ele grita: “Minha querida esposa! Agora eu sei o que é um arrepio!” – e se torna feliz. rs...

Você deve estar se perguntando: qual o sentido dessa história?
Acho que uma pessoa não está pronta para a vida adulta sejam quais forem suas realizações neste mundo, até que esteja emocionalmente madura e aberta para o sentimento. Nosso herói não consegue sentir amor ou alegria por não ser capaz de sentir susto e medo. Talvez ele seja o símbolo de todos nós que, em nossos esforços para evitar a dor, nos amortecemos contra todos os sentimentos e, ao contrário do herói do conto de fadas, não sabemos o que estamos perdendo.